PISO TÉRMICO suínos

Avaliação do Comportamento de Leitões nos diferentes Sistemas de Aquecimento

Avaliação do Comportamento de Leitões nos diferentes Sistemas de Aquecimento


Confira o resultado da pesquisa realizada com o Piso Térmico em uma granja de São Paulo

Pesquisadores: Iran José Oliveira da Silva, Héliton Pandorfi, Sônia Maria Stefano Piedade

1 - Piso Térmico

2 - Lâmpada Incandescente de 200W

3 - Resistência elétrica de 200W

4 - Lâmpada de infravermelho de 250W

Observa-se, por meio de valores médios de Ts, que o ambiente com piso térmico apresentou menor temperatura no microclima gerado, a variação da umidade relativa do ar, no interior dos escamoteadores, apresentou diferenças significativas, principalmente no abrigo equipado com lâmpada de infravermelho, que além de promover altas temperaturas no interior do abrigo, reduziu significativamente a umidade relativa no seu interior, pois, o volume de ar se contrai e/ou expande com a variação da temperatura .

A pesquisa foi realizada na granja Querência, propriedade cuja principal atividade é a produção industrial de suínos , localizada no município de Elias Fausto, em São Paulo (SP), apresentando latitude de 22º02"S, longitude de 47º22"W e altitude de 580 m, o clima da região é caracterizado como mesotérmico Cwa (tropical de altitude), com temperatura do mês mais frio entre -3 e 18ºC, inverno seco e temperatura do mês mais quente maior que 22ºC, segundo classificação Köppen (Pereira et al., 2002).

A suinocultura é uma atividade que exige muita dedicação do criador para alcançar bons índices de produtividade e, em consequência, resultados econômicos satisfatórios. Fatores ambientais externos e o microclima dentro das instalações exercem efeitos diretos e indiretos sobre a produção de suínos, acarretando a redução da produtividade, com consequentes prejuízos econômicos à exploração. Na suinocultura, um dos maiores problemas relacionados ao conforto térmico e bem-estar animal está na maternidade, onde se têm dois ambientes distintos a serem avaliados, com exigências bem diferenciadas.

A faixa de temperatura para seu conforto varia com a idade. Para o leitão, ao nascimento, a faixa de conforto está entre 32 e 34ºC e aos 35 dias, entre 29 e 31ºC, sendo que a temperatura ideal para a matriz está entre 16 e 21ºC.

O leitão recém-nascido possui os sistemas de termorregulação e imunitário pouco desenvolvidos, tornando-o sensível a baixas temperaturas ambientais. Nessas condições, o leitão reduz sua atividade motora e, consequentemente, a ingestão de colostro, acarretando maior incidência de doenças, maior número de leitões esmagados e alta taxa de refugos na desmama, sendo necessários alguns cuidados especiais. A regra básica é fornecer aos leitões um ambiente limpo, desinfetado, seco e aquecido . Isso significa investir em piso adequado e sistemas de aquecimento (Perdomo et al., 1987).

Material e Métodos

Tratamentos

Os abrigos escamoteadores (1,50 m x 0,55 m x 0,65 m de) tinham área total de 0,82 m², com volume de 0,53 m. Todos os abrigos estudados permanecessem com um número fixo de 10 leitões A análise dos parâmetros zootécnicos dos animais foi realizada adotando-se as metodologias convencionais para o registro de ganho de peso e mortalidade dos leitões na maternidade. O ponto fundamental desta pesquisa é justamente a avaliação dos sistemas de aquecimento, usando a análise comportamental dos animais, para compreensão da eficiência do sistema em função da sensação do conforto animal. Utilizou-se, como ferramentas para registro desses dados, microcâmeras preto e branco e "leds" de infravermelho, o que permitiu obter as imagens nos abrigos onde não haviam fontes de luz, no caso dos abrigos equipados com piso térmico e resistência elétrica. As imagens foram registradas diariamente em intervalos de 2 minutos.

Resultados e Discussão

Observando-se os valores médios da CTR, verificam-se diferenças significativas para lâmpada de infravermelho, resistência elétrica, lâmpada incandescente e piso térmico . O maior valor de CTR foi observado para o tratamento lâmpada de infravermelho, observando-se valores superiores à energia radiante média recomendada, de aproximadamente 450 W.m-2 (Baêta & Souza, 1997). A CTR apresentada pelo piso térmico foi aquela que mais se aproximou da condição recomendada, 473 W.m-2. Além da fonte de aquecimento, atribui-se os altos valores de CTR no interior dos abrigos, por se tratar de um ambiente pequeno, vedado, com pequena velocidade de ar (0,03 m.s-1).

Comparando-se a CTR de cada tratamento, para os dias considerados críticos, verifica-se que o tratamento piso térmico foi aquele que apresentou valores mais próximos do recomendado, permitindo um fluxo de calor de aproximadamente 450 W.m-2 (Baêta e Souza, 1997). Para os outro sistemas de aquecimento , todos apresentam valores superiores àquele considerado suficiente para manutenção da condição de conforto dos leitões.

Em todos os casos, observa-se que, quando houve redução da temperatura na sala da maternidade, mínima observada às 6h, verificou-se a maior frequência de acesso aos abrigos. Verifica-se que, no tratamento piso térmico , houve maior frequência de acesso dos leitões ao longo do dia, praticamente em todos os horários, variando com a temperatura na sala.

Testando-se os modelos apresentados, nota-se que a redução da temperatura no interior da sala da maternidade, promove maior frequência de acesso dos leitões ao abrigo, verificando-se que o tratamento piso térmico é aquele que melhor representa a condição térmica ambiental considerada mais adequada para os leitões.

O escamoteador equipado com piso térmico foi o mais visitado e aquele onde os leitões permaneceram por mais tempo...

Com relação à lâmpada incandescente, observa-se menor tempo de permanência dos animais no interior do abrigo, na 3ª semana avaliada, fato que pode estar relacionado à idade dos animais com menor exigência térmica. Considerando-se que os sistemas de aquecimento permaneceram acionados durante toda fase de inverno , o piso térmico apresentou maior frequência de uso e tempo de permanência dos animais no escamoteador, justificando as melhores condições de conforto aos animais, por se tratar de um fluxo de calor condutivo e, por conseguinte, ser mais eficientes às trocas de calor. Dessa forma, quando o animal deita no piso, ele ganha calor, até que o equilíbrio do processo seja atingido, de 30 a 32ºC, faixa de aquecimento do piso , já que o sistema de aquecimento em questão não condicionou o abrigo como um todo, e os sensores para o registro das temperaturas estavam instalados a uma altura de 0,55 m do piso. Quando se analisa o piso térmico nos abrigos, verifica-se que há maior procura, pois, em 89% do tempo (24 horas), constatou-se a presença de pelo menos 1 leitão, no interior do abrigo.

O abrigo com lâmpada incandescente foi o que apresentou menor tempo de permanência dos animais no abrigo, apresentando valor da ordem de 56% do tempo total (24 horas), quando comparado com os demais.

Com relação ao ganho de peso dos leitões , observa-se que todos os tratamentos avaliados atingiram os índices desejados, ou seja, para todos os sistemas de aquecimento , os leitões atingiram ganho de peso diário de 0,240 kg, para leitões nascidos com peso médio de 1,8 kg e desmame aos 18 dias com peso médio de 6,4 kg (Mores et al., 1998).

Não houve mortalidade entre os leitões que utilizaram os abrigos com os respectivos tratamentos estudados, apesar de a média registrada na sala da maternidade ser, aproximadamente, de 5%, considerando-se dentro de um valor médio adequado, especialmente se relacionados com o alto número de leitões nascidos por parto (média 11,9).

Conclusões

O piso térmico foi o que proporcionou melhor condição de conforto aos animais, em função do maior tempo de permanência e frequência de acesso ao escamoteador .